quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Primavera em Natal

Calçada em tapete rosa
flor de jambo é todo o chão,
tem mangueiral, cajueiro,
ipê roxo em floração,
a tarde amarelecendo
no espelho da grande duna,
um coração que se quebra,
se remenda, e novo em folha,
é de novo fruto, é flor,
é verso, é o que mais for

o vento revolve em volta
o que de antigo não morre
o que em novo não perece
primavera o ano inteiro,
dentro e fora, tarde e cedo.
eu canto, e você nem vê
ou, talvez, não quer saber
a vida inteira se move
na roda do universo
um menino esfomeado
bate à porta em minha casa
um poema esfaqueado
exangue, morre no asfalto
quem se importa? que se dane!
tem-se mais o que fazer
é primavera em Natal
mas ninguém mais quer saber


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