quinta-feira, 16 de outubro de 2008

de cajus e recidivas

Outubro, outono no outro hemisfério, e aqui, dizem, primavera. Só pra repetir o tema.

Chuva dos cajus lavando ligeirinho umas manhãs nostálgicas que vêm montadas na velha canção de Roberto: “mas o meu silêncio foi maior e na distância morro todo dia sem você saber”.

A distância.

O silêncio.
Há quem não saiba conviver com ele, me disseram. Há quem necessite dele.

Cá do meu lado, fico no meio-termo, este sim, pra mim, de difícil convívio. O caminho do meio, o equilíbrio, a escolha do sábio. Nem fiz retiro budista, nem faço meditação, nem domo os meus bichos. Nem pretendo. Nem tão cedo, pelo menos.
Aí soa estranho. Vazio. Nada mais que palavras.

Paroles, paroles, paroles.

Ainda me doem umas dores. Velhas, embora recentes. Chegam mais espaçadamente. Demoram menos tempo. Recolhem-se sem muito alarde.

Veloz na vida, lenta no sentir, no passar, no esquecer. Há quem seja o contrário.
Ligeiramente en retard, penso em tentar “a cura pelo fogo. Chamas em lugar de lágrimas”. A receita até que seria uma, mas lágrimas não há, José. E agora?

A mim, ruim de pose, resta tentar a pose dos resolvidos, maduros, racionais, objetivos, alegres e satisfeitos. E já me perdoando, por ser ela, em parte, verdade.

Será de todo, posso apostar, quando chegar o silêncio bom. Espero, ainda antes do fim da safra e das chuvas dos cajus.

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