terça-feira, 23 de setembro de 2008

do poder jovem

E é quando a gente menos espera que nada acontece mesmo. Disseram que o mundo acabaria junto com o eclipse lunar, que o rio mudaria seu curso, seguindo do mar à serra, que o mar engoliria essa cidade. Nada, necas nem coisa nenhuma. Ainda. Questão de tempo.

Mileniozinho acanhado, início de século desconjuntado, década atravessada. Conversinha mole de quem já passou, talvez. Que esperar então? Relembro O Poder Jovem, de A. J. Poerner, a juventude nas ruas. A de hoje também, a caminho do show dos plays. Bem outra, esta dos orkuts-messenês-tv-sentaqueédementa. De menta. Sair-dançar-beber-cair-e-levantar e ficar e reficar e a fila anda. E aonde vai mesmo? A fila não incomoda, como nas Autoridades do Capital Inicial: bonecos para brincar. A fila, a massa, nada homogêneo incomoda, que nessa fusão fica fácil brincar de modelar o todo, mais que escolhendo cores pra montar o jogo.

Falando nisso com meu sobrinho Gabriel, estudante, ‘aprendente’, recebi notícias boas. Disse-me que há algo em fermentação, contrariando os que não vêem saída, os que chamam esta de geração perdida. Um povo bom fazendo música e livro e arte, alfabetizando na favela, rompendo o cerco acadêmico, montando biblioteca na periferia, a exemplo do Paço. Timidamente, há algo em gestação, esboço de reação, sopro que se delineia apenas. Se é só oba-oba com estereótipo engajado ou se vão querer redimir um mundo que agoniza, não há como saber. Ainda que por pouco tempo, que ao menos surpreendam minimamente os que agonizam no mundo, dando-o já por perdido.

Quero crer.


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