como quem constrói estradas e não anda
quero no escuro
como um cego tatear estrelas distraídas
(Baleiro)
Natal hoje me faz pensar em Macondo.
Aí desisti de pegar a estrada molhada, provavelmente esburacada, pra ficar onde preciso estar: aqui. Pra ficar com quem quero estar: comigo. Não quero ser estanque mesmo, daí faço estrada em minha casa e por ela sigo devidamente protegida de chuvas e intempéries outras.
Não é tão comum, mas amanheci me querendo um bem danado. Faz frio, chove, o dia podia estar uma chatice. Não está. Estamos, eu e uns papéis e livros, em estado de enamoramento. Criando intimidade, cumplicidade. Reconciliamo-nos, faz um tempinho.
Cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, minha avó não o dizia, mas poderia ter dito. Então, nesse primeiro tempo do enlace, deles só recebo. E eles querem dar. Há aí, pois, um acordo. Depois decidimos o que fazer no segundo tempo.
Com água demais, umidade demais. Tudo mofa, o que não chega a ser um problema: depois tudo enxuga e refloresce. Aí sim, nos arrumamos e caímos na estrada, estilo Novos Baianos, 'que o mundo é oval e a vida é uma'. Ou nos largamos um pouco, deixando previamente acertado o reencontro, que minh’alma setembrina precisa de um mínimo de programação e expectativa.
Racionalmente bem, pois, contesto os esotéricos de plantão, a relacionar sempre as emoções com o elemento água. E dou fé.
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