Eu já o tinha visto, muitas, muitas vezes, o moço bonito.
Nem tão simpático, tampouco o contrário. Aparentemente recatado, meio tímido, meio distante, meio blasé.
Tinha pressentido algo mais, um pouco do profundo aflorava da capa. Sutil. Foi há tempos. E foi só.
Sumiu. Esqueci.
Um dia, fortuito, ele voltou diferente. Meu olhar também. Comecei a esmiuçá-lo, invasiva, loba em êxtase com a fartura do banquete oferecido. Vísceras em exposição, vi-o, em parte, pelo avesso. A partir de dentro. Daí me agradou, e me agradou
Ficou então fazendo parte dos meus dias. Uns tempos, amiúde. Noutros, espaçadamente. Noutros mais, ausente, ressurgindo depois de quando
Gosto das trocas. Das boas. As que somam. Quis retribuir mas não sabia como. Não havia muito o que eu pudesse dar. Era um tempo sem luz, denso e de despedida, e ele me dizia que a dor não é privilégio de alguns. Meio fênix, meio otimista, andei buscando veredas para sair do escuro. Só pude oferecer o que tinha à mão no momento, pelo tanto que ele já havia me dado: palavras.
Mas em verdade, em verdade, confesso: ainda quis dele também, de quebra, um outro olhar.
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